Cada vez mais percebemos que o bebê como já dizia Leboyer não necessita apenas de leite, mas também de carinho para se desenvolver!
Só alimentar não basta: O cérebro do bebê dá mais valor a quem o embala e aconchega do que a quem o alimenta.
Interessado em entender o que é a figura da mãe para um bebê, no final dos anos 1950 o psicólogo Harry Harlow separou bebês macacos de suas mães logo após o nascimento e deu-lhes todos os cuidados médicos e nutrição. Mas os animais, criados em isolamento, morriam.
Notando o apego que os filhotes criavam aos panos que forravam a gaiola e às protuberâncias metálicas de algumas delas, Harlow criou um experimento que fez história: passou a criar os bebês macacos na presença de um manequim de arame, aquecido e com rosto, que oferecia uma mamadeira, e de outro, igualmente aquecido e com rosto, que não provia alimento, mas era recoberto de toalha macia.
Resultado: os animais passavam o tempo necessário para se alimentar na “mãe nutridora” e prontamente corriam para a “mãe macia”.
Que, veja bem, não dava carinho-mas aceitava as carícias do filhote, que passava boa parte do dia explorando seu “rosto” e o tecido de seu “corpo”. Era para ela, e não para a “mãe nutridora”, que os animais corriam quando amedrontados; era ela, e não a outra, cuja presença tornava os animais seguros para brincar com outros macacos.
O experimento de Harlow soa cruel hoje, mas, na época, apenas repetia a norma de tantos orfanatos e hospitais, seguida por muitas mães, de deixar bebês sozinhos em seus leitos, segurando-os somente para alimentá-los.
Nas instituições, mesmo se criados sob condições médicas perfeitamente controladas, os bebês morriam -como os filhotes sem mãe-manequim de Harlow.
Somente nos anos 1980, quando a norte-americana Tiffany Field e sua equipe começaram a massagear sistematicamente bebês prematuros em unidades neonatais, com resultados maravilhosos, constatou-se o maior dos poderes da mãe: dar carinho a seus filhotes.
Com um sistema de nervos especializados em detectar carícias -a demonstração mais inequívoca de não estar sozinho no mundo-, o cérebro do bebê dá mais valor a quem o embala e aconchega do que a quem o alimenta.
No Canadá, o neurocientista Michael Meaney hoje explica por que: o cérebro de quem recebe carinhos maternos muda sua resposta ao estresse pelo resto da vida e gera um indivíduo mais tranquilo, saudável -e propenso a passar o carinho adiante.
Pouco importa se a mãe que acaricia é biológica ou adotiva. Se você recebeu carinho, você teve mãe -e seu cérebro se lembrará disso (e dela) pelo resto da vida.